- [de manhã, no RT, atingida a p. 135, de 284]
RECORTE(s):
Depois de o alferes Campelo ter disciplinado o Zacarias, o soba convidou-o para jantar em sua casa. Tratava-se de uma cubata como as outras, mas tinha o telhado de zinco para mostrar riqueza e prestígio. «O homem cozia lá dentro, o zinco tornava a casa um forno. Casa como quem diz. O chão era de terra e tinha uma única divisão. A mulher fez-nos frango à cafreal mas não se sentou connosco [...] Foi o tête-à-tête mais estranho da minha vida. O soba dava-se ares de importância, entre garfadas, cruzava os braços e erguia o queixo como quem responde que sim, sim, mas eu só lhe dizia banalidades sobre o tempo, a beleza da cubata, [...] A terra debaixo das cadeiras estava escura das pingas do nosso suor e do molho do frango. O molho! Era fogo, era inclemência. Era a malícia do jindungo. E eu tive de comer o frango até ao fim. Enquanto o suor me escorria pela testa, costas, pernas. Enquanto me escorria pelas virilhas. Quando a refeição acabou, o solo estava ensopado. Tínhamos largado o suor das nossas almas. [...]»
Afonso Reis Cabral, O último avô, pp. 130-131
[OUTRO]
[OUTRO]
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.