quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Mercearia e Tasca (Ernaux)

 RECORTE(S):

     Um café de clientes habituais, bebedores regulares de antes ou depois do trabalho, cujo lugar era sagrado, equipas de estaleiros, alguns clientes que teriam podido,  com a sua situação, escolher um estabelecimento menos popular, um oficial da Marinha aposentado, um fiscal da Segurança Social, gente pouco senhora de si, portanto. A clientela dos domingos, famílias inteiras para tomar um aperitivo, laranjada para as crianças, por volta das onze horas. À tarde, os velhos do asilo em liberdade até às seis, alegres e ruidosos , entoando canções populares. (...) era evidentemente «uma tasca» para aqueles que nunca teriam posto lá os pés. À saída da fábrica vizinha de roupa interior, as jovens vinham festejar os aniversários, os casamentos, as partidas. Compravam na mercearia pacotes de biscoitos de champanhe, que em seguida rebentavam ruidosamente, e fartavam-se de rir agachadas debaixo da mesa.
    
Annie Ernaux,  Um lugar ao sol seguido de Uma mulher, 2022, p. 39
[outros Recortes: AQUI e AQUI]