segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Barman e Doutor

 - a «prancha» de hoje, do «Bartoon», de Luís Afonso também poderá ser «reenviada» para aquele que trabalhou como Barman até 4 de DEZ. de 89; após isso, a LIC., em 9192, o MESTR., em 0205, que «furou» o CONG. no seu início (em 06), e a «morte na praia» do 8.º Degrau (lá para 2021...)...; claro que «metia menos a colher» do que este Boneco-Figurão...

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Babette (A festa de)

 - neste caso, R. acha que gosta mais do filme do que do Conto [1958] - OU será que precisa de reler este último?; no Inventário «A volta ao Mundo em 100 Livros»,  de A. Lucas Coelho, o Episódio n.º 89, de 29-10

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Mercearia e Tasca (Ernaux)

 RECORTE(S):

     Um café de clientes habituais, bebedores regulares de antes ou depois do trabalho, cujo lugar era sagrado, equipas de estaleiros, alguns clientes que teriam podido,  com a sua situação, escolher um estabelecimento menos popular, um oficial da Marinha aposentado, um fiscal da Segurança Social, gente pouco senhora de si, portanto. A clientela dos domingos, famílias inteiras para tomar um aperitivo, laranjada para as crianças, por volta das onze horas. À tarde, os velhos do asilo em liberdade até às seis, alegres e ruidosos , entoando canções populares. (...) era evidentemente «uma tasca» para aqueles que nunca teriam posto lá os pés. À saída da fábrica vizinha de roupa interior, as jovens vinham festejar os aniversários, os casamentos, as partidas. Compravam na mercearia pacotes de biscoitos de champanhe, que em seguida rebentavam ruidosamente, e fartavam-se de rir agachadas debaixo da mesa.
    
Annie Ernaux,  Um lugar ao sol seguido de Uma mulher, 2022, p. 39
[outros Recortes: AQUI e AQUI]

segunda-feira, 3 de julho de 2023

«o cheiro avinagrado da massa das farinheiras» + «o gosto da nata», José Luís Peixoto

 - iniciada hoje, na «Carreira do 30» (da PICH. a Picoas), esta bem estruturada Ficção, em curtos «capítulos», com a Voz Narradora, ora de 1.ª ora de 3.ª Pessoa Verbal, em diferentes Tempos, «fragmentariamente»; atingida, ao final da manhã, a p. 65

- «perspectiva» de narrador com 9 anos no excerto escolhido, logo de página inicial:

[...] Quando terminei a primeira ronda, estavam as mulheres no começo de encher as farinheiras. O cheiro avinagrado da massa das farinheiras impregnava a divisão.[...] Quando voltei da segunda ronda da distribuição, mãos agradecidas a receberem as encomendas, olhos regalados a apreciarem a carne, a textura da carne sobre a couve, a minha mãe esperava-me com a vasilha do leite, tinha essa intenção planeada desde sempre. Depois do morno do sebo e da palha, depois do olhar mal iluminado das vacas, [...] cheguei com o quarto de litro de leite, mais um ou dois dedos por paga de bom freguês. Foi ao entregar a vasilha que a minha mãe me prometeu a nata. Eu conhecia já o desenvolvimento desse gesto, não era a primeira vez. [...] 

José Luís Peixoto, Almoço de domingo, p. 22 

sexta-feira, 16 de junho de 2023

«Matança OU a Faca como Espada», «Signo Sinal»

 - S. S. será devolvido à BiblioPenha até dia 29; de manhã, na ESP DEL + AGO, atingiu-se a p. 88

- [a Matanças, terá D. assistido a uma, no Vau (?) e a quantas no Monte da  Marechal ?]

[...] - Girou já para casa!
e nós disparámos a correr, voltámos logo depois. Silêncio de novo, só o grunhido do porco, o respirar forte dos homens. O matador erguia contra a luz a longa faca triangular, passava-lhe a mão no fio. Estava só, alheio a tudo. Vejo-lhe a figura alta, enorme. Só. Sacerdote antiquíssimo , sagrado de gravidade. Olhava-o com terror, eu, ele não via ninguém. [...] O sacerdote extático, subia-lhe a cabeça até à noite.  Imóvel, nem olhava. Tinha um poder oculto e imenso, concentrava-se todo na sua grandeza. Meu pai andava á volta do porco, dava instruções. [...]
 - É amarrarem-no à tábua
mas o matador, grave, disse que não. Era uma violência, havia a dignificação da vítima e de nós, amarrá-lo era impuro. Nas mãos firmes dos homens, pregado à tábua, esperneando frenético. [...] Transido, eu, os olhos dilatados de terror. Então o matador avançou. Ergueu ao alto a faca como uma espada, traçou na fronte, com ela erguida, o sinal da cruz. E dobrando-se para o animal, raspou-lhe ligeiro um sítio no pescoço. [...]
                                          
                                         Vergílio Ferreira, Signo Sinal, Bertrand, 1979, p. 78

domingo, 11 de junho de 2023

«cozido de couve» (nesse dia só havia)

 - outro (s) RECORTE(S) da leitura em curso:

     Na casa da Isora a comida era uma mixórdia. Arroz amarelo com coxas de frango com molho com peixe salgado com batatas com ovos e batatas com cebolas, reutilizadas das batatas guisadas do dia anterior, com rancho com cozido de agrião com batata com carne, tudo junto. Na casa da Isora a comida era uma mixórdia, mas nesse dia não, nesse dia só havia cozido de couve. [...] O cozido de couve já estava na mesa a fumegar. Eu não gostava nada de cozido de couve e muito menos se tivesse gofio por cima. Mas a Isora adorava e se ela metia gofio por cima eu também. [...] A Chela punha sempre à Isora um prato mais pequeno do que o meu porque dizia que a isora comia pelos olhos e que era preciso controlá-la, pois caso contrário desordenava-se-lhe a fome. A Isora acabou o cozido rápido rápido, e depois começou a ver como é que eu comia o meu. [..]

[sublinhados acrescentados]

Andrea Abreu, Pança de burro, Bertrand, 2023, pp. 87-88

sexta-feira, 2 de junho de 2023

«Todo o bacalhau é espiritual» (M. E. C.)

 - toda e qualquer a referência ao «Bacalhau Espiritual» remete R. para a C. da C. (78-80), para a Chefe Clot. [...] [«e o resto não se diz»]
RECORTE(s) da Crónica de hoje - «A conversa mais portuguesa»:
[...] Assim se dá origem à conversa mais portuguesa que é humanamente verificável:
"Isto está óptimo, mas podia ter mais um bocadinho de bacalhau, não?"
"Cala-te, que levou imenso bacalhau! Foi quase uma posta por patanisca, carago!"
[...]
Porque é que o bacalhau desaparece? Porque é que Deus deixa acontecer coisas horríveis? Porque é que a Milú não gosta do Zé Tó?
O bacalhau desaparece porque é um acto de magia. Aquilo era só um peixinho de lombinho aguado, feito para cozer e dar aos convalescentes. A verdade é que o bacalhau "não está lá". Foram o sal e o sol e a secura extrema que deram uma impressão de solidez e de peso.
Todo o bacalhau é espiritual. Estamos em constante negação dessa verdade. [...]
Miguel Esteves Cardoso, «Público», 02-06-2023

sábado, 13 de maio de 2023

Confinado ( a cozinheira do), Carlo Levi

 [Giulia] Acendia o fogo à maneira camponesa, com pouca lenha, e acendia os troncos só de um lado, juntando-os à medida que iam ardendo. Sobre esse fogo cozinhava, com os escassos recursos da terra, pratos saborosos. Preparava as cabeças das cabras  a reganate, numa panela de barro, com as brasas por baixo e a tampa por cima, depois de ter embebido os miolos com ovo e ervas aromáticas. Das tripas fazia os gnemurielli, enrolando-os como novelos à volta de um pedaço de fígado ou de gordura e de uma folha de louro, e deixando-as a tostar sobre as chamas, enfiadas num espeto: o cheiro a carne queimada e o fumo cinzento espalhavam-se pela casa e pela rua, anunciando um delícia bárbara. [...]

Carlo Levi, Cristo parou em Eboli, Livros do Brasil; pp. 102-103

quarta-feira, 8 de março de 2023

Experiências culinárias (Franco-Chilenas)

 [pelos finais do século XIX, princípios do XX ?]

Em dezembro, encomendavam-se especialidades francesas e a casa enchia-se de caixas de abóboras e de empadões de vitela, de gaiolas repletas de perdizes vivas e de faisões depenados, já pousados na sua travessa de prata, cujas carnes estavam tão endurecidas pela viagem que à chegada não se conseguiam cortar. As mulheres entregavam-se então a experiências culinárias inverosímeis que pareciam mais próximas da feitiçaria que da gastronomia. Misturavam às velhas tradições das mesas francesas a vegetação da Cordilheira, impregnando os corredores de odores misteriosos e de fumos amarelos. Serviam-se empanadas recheadas de morcela, coq-au-vin, pasteles de jaiba com queijo maroilles, e reblochons tão fedorentos que as criadas chilenas pensavam que provinham sem dúvida de vacas doentes. [...]  [negrito acrescentado] 

Miguel Bonnefoy, Uma herança, Asa, 2023, p. 14

sábado, 28 de janeiro de 2023

Pão OU «o vagar do Alentejo»

 - entre 78 e 85 ia-se ao Monte da Vinha, ora de «Expresso» + Carreira Local 15') + «a pé» (20-25'), ora com alguém que tivesse carro (o cunhado Ch. E., OU o J. + a I. M....); a partir de 84, na R4 «Bordeaux»; à chegada, sempre o mesmo espectáculo: o pão da Marechal a sair do Forno, após uma inteira Noite de labuta:

Maria José Mestre mostra-nos como fazer pão alentejano em forno de lenha JOSÉ FERNANDES

-[o forno ainda não caiu, o Monte, claro, derrubado, há muito está; no Regresso, ah, no regresso...]

- imagem do «Fugas», de artigo sobre Beja («o Alentejo deixa-se descobrir com vagar»)

domingo, 22 de janeiro de 2023

Galileu em Veneza (jantar de)

RECORTE do excerto, em pré-publicação, no «Público» de  Galileu em Pádua — Os dezoito Melhores Anos da Minha Vida, de Alessandro de Angelis, professor de Física em Pádua e Lisboa. 

[...] Chegaram os criados com os pratos e aquele prometia ser o melhor jantar da vida de Galileu. Primeiro foram presenteados com uma entrada de canoce, um crustáceo da laguna, que Galileu achou delicioso. Comeu seis, e Nicolò convidou-o a regressar em Novembro no dia de Santa Catarina, quando as canoce estão no auge da sua forma. —​ El dì de Santa Catarin xe meio la canocia de la galina [dialecto veneziano: “No dia de Santa Catarina, é melhor a canoce que a galinha”].
      Depois as vieiras, o polvo, as sarde in saór [sardinhas em molho à base de cebola, pinhões e passas de uva, no dialecto veneziano]. Tudo regado por um vinho branco ligeiro e um pouco frisante, que normalmente não agradaria a Galileu, mas que naquele ambiente lhe pareceu um néctar dos deuses, melhor do que o melhor vinho Chianti. Por fim, chegou um grande peixe, um bransin [robalo, no dialecto veneziano], que na Toscana denominavam spinola. Foram os criados que o arranjaram. [...]


domingo, 15 de janeiro de 2023

«O Chef», Luís Afonso

- já saído no número 9 da «Granta»,  de Maio de 2017, ai intitulado «Chez Hippolyte», é agora republicado na Colecção «Contos singulares«, da R. d'Água, em «MicroLivro»; Páginas iniciais na Página da Editora: AQUI

Excerto nesta Casa: AQUI