quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

«Pessoana bêbeda, molhada...» - Castro Mendes

[fecha mais um dia de Envelopes]

PESSOANA BÊBEDA, MOLHADA EM CESÁRIO

Quem deixa a cinza espalhar-se
neste tempo que nos resta?
Bem pode o lume apagar-se,
se ninguém velou na festa...

Bebamos até ao fim
whisky, vinho malvasia,
para nos dar um verso enfim
com pão-de-ló de poesia.

Absinto nos teus braços,
pão-de-ló em malvasia!
Quebremos todos os laços:
beber é mais que poesia!

Luís Filipe Castro Mendes, Lendas da Índia, 2010, p. 55