terça-feira, 1 de dezembro de 2015

«Feijões, couves e toucinho»

«[...] Tinham comido feijões e couves, apartadas as mulheres e de pé, e João Francisco Sete-Sóis foi à salgadeira e tirou um bocado de toucinho, que dividiu em quatro tiras, pôs cada uma em sua fatia de pão e distribuiu em redor. Ficou a olhar alerta para Blimunda, mas ela recebeu a sua parte e começou a comer tranquilamente, Não é judia, pensou o sogro. Marta Maria também olhara, inquieta, depois encarou o marido com severidade, como se estivesse  a recriminá-lo pela astúcia. Blimunda acabou de comer e sorriu, não adivinhava João Francisco que ela teria comido toucinho mesmo que fosse judia, é outra a verdade que tem que salvar.»

José Saramago, Memorial do Convento, Caminho, 51.ª edição, p. 141

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