- Crónica de Luís Osório, no «Postal do Dia» - Adriano Jordão evoca o «peixe cozido que tanto trabalho deu num restaurante de luxo...»]; [AQUI, no YT, também]; + artigo na «Mensagem de Lisboa» (Maio)
quinta-feira, 21 de novembro de 2024
quinta-feira, 24 de outubro de 2024
«arroz de amêndoas», H. A. Faciolince
- [alcançada a p. 86, de 359]
RECORTE(s)
[sublinhados acrescentados]
Héctor Abad Faciolince, Salvo o meu coração, tudo está bem, pp. 50-51
sexta-feira, 11 de outubro de 2024
«O mármore e o sangue», Palomar
- [outro(s) recorte(s) de uma das releituras do momento: Palomar, de I.Calvino]:
quarta-feira, 2 de outubro de 2024
«O museu dos queijos», Palomar, Calvino
- [outro(s) recorte(s) de uma das releituras do momento: Palomar, de I.Calvino]:
domingo, 15 de setembro de 2024
Libações (primeiras); Beauvoir
[alcançada a p. 321, na quinta, à tarde, na Luz]
RECORTE(s)
[sublinhados acrescentados]
Simone de Beauvoir (1908-1986), Memórias de uma menina bem-comportada (1958), 2023, pp. 312-313
quarta-feira, 21 de agosto de 2024
«Galões e Cafés» (J. M. F. Jorge)
GALÕES E CAFÉS
tão exaltante, como a daquele que
trabalhava no bar da aerogare do
Pico.
Manhã cedo dividia o azul cinzento
dos olhos pelos galões e cafés que
Corava quando alguém reparava nele
para além do mover das moedas,
dos galões e cafés, dos pãezinhos
com queijo ou fiambre e da muita
manteiga que sempre queriam.
Mordeu os lábios
porque o emigrante que trazia grande
quantidade de dinheiro amoedado lhe
deixou com desprezo protector os
tostões que não queria levar para
Ninguém reparou nele naquela manhã
do Pico, ali, na aerogare compartimentada
de vinhas e rasteiros pinheiros.
Às vezes
um sorriso maior prendia a habilidade
das suas mãos entre galões e cafés.
Ninguém repara nele. Eu mesmo o
café que me servira.
Troquei-o, tão facilmente, como o
mercador português que ia para Boston a
segunda-feira, 19 de agosto de 2024
«Jantar em Alcabideche» (J. M. F. Jorge)
JANTAR EM ALCABIDECHE
ou menos bêbados. As mãos brincavam com
as facas, apertavam os copos entre os
dedos, espremiam limão sobre os peixes
grelhados. Os gestos, a alegria
do encontro tornara-os tenros e desajeitados.
Mais do que dirigindo-nos a nós próprios,
fazíamo-lo para uma presença imaginária,
a secreta corrente que cada um unia; e,
mais secretamente ainda, dois e três escondia.
Depois, não há como o álcool,
o vinho branco escolhido – que não fôra
excelente – para fazer querer
ser o eu presente o verdadeiro eu;
e que, até então, sempre permanecera
escondido.
Os meus amigos falam, falam todos ao mesmo
tempo e não se entendem.
E quanto mais querem dizer mais abraços dão.
Riem e chegam mesmo a participar, felizes,
na união em cada um;
meio perdidos no seu sonho de representação
de si, não procuram mais do que provar, e
provar aos outros, uma única coisa: cada um
é o mais fiel naquele jantar,
Eu, quase sempre, permaneci alheio e
olhava-os, como vocês, leitores,
nos estão a olhar agora.
domingo, 11 de agosto de 2024
«Chocos com tinta»
RECORTE (s) do Caderno materno:
Eu estava bastante nervosa, para dizer a verdade, porque ainda não domino bem os costumes espanhóis [...]. Por exemplo: no nosso país, praticamente nunca se come peixe e os uruguaios detestam qualquer coisa que tenha espinhas. Aqui, ficam loucos com uma boa pescada. No Uruguai, o frango é um artigo de luxo e é muito distinto servi-lo num jantar e, aqui, é algo muito comum, quase banal [...]. Depois vem esse hábito espanhol de comer lentilhas, feijões ou grão-de-bico, mesmo nas melhores casas, algo que não ocorreria nem ao último trabalhador da exploração agrícola mais remota do Uruguai. Já para não falar de alguns pratos espanhóis que eu não me atreveria a experimentar nem que estivesse a morrer de fome no meio do deserto, como aqueles chocos com tinta que parecem mergulhados em lubrificante para automóveis, ou uns vermes que, segundo eles, são muito bons e se chamam meixões.
quinta-feira, 18 de julho de 2024
«património micológico», Rosa Oliveira
Teofrasto chamou-lhes plantas
imperfeitas quase ausentes
quarta-feira, 17 de julho de 2024
sexta-feira, 12 de julho de 2024
A última refeição (A ultima lua..., M. L. Sousa)
«Destapa as terrinas e as cuias, vê condimentado o thiof fresco que lhe mandaram do Senegal, seu pescado predilecto, aquele que entre os peixes mais tem sabor a rocha, costuma dizer, recheado de ervas e pimentas, olha guloso para o arroz amarelo nadando em óleo de palmito, para a tigela de molho avermelhado de malagueta, e sorri. De convido, descobre sob a toalha branca no meio da mesa uma gamela de mandioca, cenoura, batata-doce, inhame e repolho. Serve por ordem: arroz, verduras, peixe e molho. Come sozinho. Mastiga sofregamente, saboreia cada bocado até à raiz da saliva, toma uns goles do vinho ácido argelino, limpa os lábios com um paninho alvo, e compenetra-se como se esta fosse a sua última refeição. Arruma as espinhas num canto do prato, cobre a sobra com uma ponta da toalha, leva a loiça à cozinha, lava-a na bandeja de plástico dentro da pia, suspende o bule sobre o carvão, serve uma xícara de café como postre e bebe a olhar para a banheira velha de esmalte coberta de folhas podres no quintal. [...]»
Mário Lúcio Sousa, A última lua de homem grande, 2022, p. 107; [OUTRO]
domingo, 23 de junho de 2024
«as múltiplas formas de comer um figo», segundo D. H. Lawrence (N. Júdice)
OS FIGOS DE D. H. LAWRENCE
segunda-feira, 18 de março de 2024
Cafés (No tempo dos); Nuno Júdice
- poema - lista, de Autores...; sublinhados acrescentados
Entreabri a porta, sem saber o que iria encontrar. As mesas
sexta-feira, 15 de março de 2024
«a memória dos sabores» (Paulo Moreiras)
RECORTE(s):
Com o propósito de aferir a qualidade do seu palato, Domingos Rodrigues desenvolveu alguns exercícios para Saturnino. Não tardou a descobrir [...] que o filho evidenciava um apurado sentido do gosto, capaz de decifrar os nove sabores que os filósofos preconizavam existir: os três cálidos, os três frios e os três temperados. [...] Não havia prato, por mais complexo que se apresentasse, em que Saturnino não descortinasse todos os ingredientes e especiarias [...] Se fosse carneiro estufado, por exemplo, saboreava um pouco da carne e do caldo, [...] e logo enumerava o meio arrátel de toucinho, as duas cabeças de alho, o marmelo cortado em quartos, as duas maçãs, a canela, a pimenta, o gengibre, o cravo-da-índia, a noz-moscada, as duas folhas de louro e o sal necessário, sem esquecer de referir o pequeno golpe de vinho, de vinagre e de sumo de limão [...] tão fundamentais para enriquecer os sabores e mundificar os aromas. Até mesmo a partir de um simples pedaço de marmelada comum Saturnino conseguia decifrar se lhe haviam adicionado um tanto de âmbar ou de almíscar. Bastava-lhe provar as iguarias somente uma vez, que logo a memória do seu sabor ficava guardada como se fosse gravada em pedra. Um prodígio da sua faculdade de alma, virtuosa tesoureira do espírito.
sábado, 13 de janeiro de 2024
«A laranja de Nafarros», M. E. C.
- RECORTE(s) da crónica de hoje, de MEC, no «Público»: