Recorte da obra referida em anterior E., em leitura, ainda.
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Nico trabalhava com calor nas mãos, alegria constante. Batizaram as crianças na cidade, o menino é Onofre, a menina é Anésia. Os dois de amarelo nos braços de Maria. [...]
Antônio carregava os Gêmeos por tudo, botava-os nun carrinho de mão e saía para o meio do milharal. [...] Maria deixava, o casal voltava com manha e fome. [...]
Nico chegava com um tambor de leite grosso, amarelado de gordura, Maria tomava o creme puro. Às vezes trazia um porco abatido na Fazenda, picava a carne e temperava com alho, sal, cheiro-verde e pimenta. Deixava de um dia para o outro e fritava na banha suína. Os pedaços eram guardados em latas de dez litros com a gordura despejada por cima. Todos os dias Maria tirava com a conha os pedaços conservados na banha endurecida. Aquilo dourava o arroz deixando-o solto e brilhante. Tomates em rodela, cebola e pepino. Molho de gordura de porco, limão, pimenta-de-cheiro e sal. Pela tarde, abacate e mamão com rapadura moída, esfarelada dentro da cuia macia da fruta.
Café o dia todo, mal esfriava no bule se coava outro. [...]
Andréa del Fuego, Os Malaquias, Lisboa, Porto Editora, 2012, pp. 93,94
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