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RECORTE(s)
(...) A rapariga fizera-lhe para jantar, de acordo com as minhas instruções, uma posta de bagre branco cozido, sem sal, mas com muitos coentros, duas batatinhas amarelas também cozidas, com casca (...) e uma salada de alho-francês e tomate verde com vinagre e duas gotas de azeite. Mas a mim fez-me um arroz de amêndoas, fervido em caldo de entrecosto e cebola, que libertava um aroma delicioso, pernicioso, e, em vez de mo servir no prato, como eu lhe pedira, colocou uma travessa inteira do suculento arroz bem no meio da mesa, a uma distância equidistante entre o meu prato e o do Luís. [...]
Depois de provar um bocadinho do seu peixe insípido, o Gordo, muito lesto, semicerrou os olhos e alongou o braço, pegou avidamente na colher de servir e, lambendo os beiços, serviu no próprio prato não uma, nem duas, mas quatro colheradas de arroz de amêndoas. Pegou no garfo com uma avidez e uma ânsia que me eram desconhecidas, e começou a encher vorazmente a boca com garfadas repletas desse aromático manjar das Arábias.[...]
[sublinhados acrescentados]
Héctor Abad Faciolince, Salvo o meu coração, tudo está bem, pp. 50-51