- voltar a «tisanas», uma Década depois...; e não é que resulta sempre, é como se fosse (outra vez) a primeira vez?
[por onde andará Mia, a Qd.a que a visitou em 0910?]
«Quando cheguei a
casa o meu porco Rosalina estava a escrever à máquina. Fiquei num grande estado
de perplexidade e por isso perguntei o que estás aí a fazer. Sem erguer a
cabeça Rosalina apontou com o chispe para o papel convidando-me a ler. A folha
estava em branco porque Rosalina tinha retirado a fita da máquina para a
enrolar na sua encaracolada cauda que nesse momento agitava com prazer.
Rosalina foi sempre o que me impeliu ao mergulho na metafísica. Por isso sem
dizer nada dirigi-me para a cozinha. Abri a gaveta dos talheres. Tirei a grande
faca do estojo do trinchante. Acendi o lume e pus a grelha a aquecer. Dirigi-me
de novo para o escritório onde Rosalina escrevia à máquina. Cortei-lhe algumas
febras do lombo. O suficiente para uma bela refeição. Cortei também um pedaço
de fita para enfeitar a travessa.» p. 30
ana hatherly, 463 tisanas, Quimera, 2006
«Vibrant Hands», 2019, Patrícia Lino - «sobre» 12 Tisanas...