[...] O espantalho de braços abertos, como um arcanjo apaixonado pelo
vento que, tomando as folhas o despenteava. "Nunca é tarde, capitão Celestino." Tarde começa quando? "Mas as ameixas, sr. padre, caem a tempo e horas. As sardinheiras dão-se todo o ano. Ainda guardo a queimadura da fogueira da roupa da minha mãe, que me cheirava a banha e a manteiga. Sabe, sr, padre, Deus é como o caroço do pêssego, cianeto, bolor e peçonha. Alguma vez provou uma dessas amêndoas amargas? O mar findou vai para cem anos."
Djaimilia Pereira de Almeida, A visão das plantas, 2020, p. 41